Por: Fillipe dos Anjos, secretário geral da FAFERJ.

Você já ouviu falar em gentrificação? Gentrificação é processo de valorização imobiliária de uma zona urbana onde por uma serie de fatores especulativos os preços dos imóveis e do custo de vida vão subindo de uma forma muito rápida e surpreendente.

Esse processo esta ocorrendo em nossas favelas aqui do Rio de Janeiro principalmente nas comunidades da zona sul, onde a todo custo o governo do Estado em associação criminosa com a prefeitura vem promovendo remoções com o objetivo de expulsar o povo das favelas do grande centro urbano e empurra-lo cada vez mais para longe.

Até mesmo o jogador de futebol David Beckhan comprou seu “espaço” na favela do Vidigal aqui no Rio de Janeiro. Localizada no Leblon e com vista para o mar, a favela do Vidigal é uma das comunidades que mais sofrem com esse processo de supervalorização. Esse exemplo mostra que a playbozada não esta mais querendo conviver no mesmo espaço que o favelado, de forma que a todo custo tentam nos expulsar das áreas que ocupamos a muito tempo.

Durante a copa do mundo no Brasil estima-se que 200 mil famílias foram removidas de suas casas, tudo isso em nome do lucro de alguns empresários parasitas que sugam os recursos do Estado expulsando as pessoas de suas casas para que sejam construídos seus empreendimentos. Essas empresas que possuem concessões do governo só geram lucros para o empresariado e tiram o pouco de quem não tem quase nada.

As olimpíadas do Rio 2016 estão chegando e sabemos que o governo federal, estadual e municipal estão planejando uma ofensiva contra as favelas em nome de “obras de melhoria e mobilidade urbana” que praticamente não existem. No lugar dos projetos sociais que precisamos o Estado entrará com mais ocupação militar, mais remoções e mais desrespeito aos pobres, usando a velha política do tiro porrada e bomba.

Em uma cidade onde o transporte público é precário e controlado pela máfia, onde a polícia militar atua como grupo de extermínio de pobre, onde a saúde é um caos, o trabalhador fica praticamente em um beco sem saída. Mesmo com o desemprego aumentando cada vez mais no Brasil, vemos a Guarda Municipal do Rio perseguindo, humilhando e prendendo os trabalhadores do mercado informal.

O nosso ex governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral,  que por sinal mora no Leblon e adora dar um rolezinho em Paris, declarou que:  “as mulheres de favelas são fábricas de marginal.” Essa declaração mostra a ideologia de um  Estado que insiste em agir criminosamente nas comunidades, usando a polícia militar como braço armado para aterrorizar o povo favelado e promover remoções criminosas com uso de violência indiscriminada  contra  os mais humildes.

Ao mesmo tempo em que os mais ricos e nossos governantes tentam expulsar os favelados de suas casas, o direito a moradia é garantido em nossa constituição federal no capitulo II dos direitos sociais artigo 6.° e artigo 182 que diz que a política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.

A verdade é que vivemos em um sistema que privilegia que tem dinheiro onde a corda sempre arrebenta para o lado do mais fraco. Por isso defendemos que os moradores de favelas se organizem através de suas associações de moradores e se mobilizem atuando juntos na luta por moradia. Só mobilizações de forma conjunta e organizada serão capazes de reverter essa situação. A luta por moradia não pode ser diferente, morar é um direito nosso e devemos lutar por isso. Quem tem dinheiro sempre inventa um nome maneiro para te remover de sua casa, já ouvimos por ai o papo de remoção branca, Gentrificaçao, realocação, remanejamento, transferência etc… Mas o papo é reto e é um só, se agente piscar o olho vamos ser removidos para algum abrigo imundo da prefeitura ou do Estado, onde as pessoas são tratadas como gado sem um pingo de dignidade. A história da corda que arrebenta do lado mais fraco só vai se repetir se agente permitir; o povo favelado unido é o povo mais forte do mundo. A luta é o caminho e o caminho é a luta e disposição não nos faltará.